Se é preciso reconhecer algo sobre a Microsoft nos últimos anos, é que eles trabalharam duro.
A atual geração de consoles foi dominada pelo PlayStation 4, que aproveitou a rejeição do público do conceito inicial do Xbox One e despontou como o líder do mercado, vendendo mais de 100 milhões de unidades em cerca de 6 anos.
Não há números de venda oficiais do Xbox One, mas julga-se que o console tenha mais ou menos metade das vendas de seu principal rival — o que não é um número necessariamente ruim, mas ainda fica abaixo de seu predecessor, o Xbox 360.
Mas é de se admitir que, colocada em uma situação difícil, a divisão de games da Microsoft, que passou a ser liderada por Phil Spencer, não ficou parada, fazendo diversas decisões não apenas reativas ao que a Sony estava fazendo, como fazendo suas próprias propostas e conceitos para expandir e revitalizar a marca.
Na área dos consoles em si, a Microsoft reiterou e melhorou o Xbox One com diversas novas versões, incluindo uma significativamente mais poderosa, o Xbox One X.
Por exemplo, ao contrário da gestão de seu predecessor, Don Mattrick, Spencer e sua equipe trabalharam para implementar um sistema de retrocompatibilidade ao Xbox One, capaz de rodar não só games do Xbox 360 e o Xbox original.
Xbox também adotou firmemente a política de oferecimento de serviços para seus consumidores, com seu grande trunfo sendo o Xbox Game Pass, que permite a assinantes acessar um catálogo rotativo repleto de grandes jogos (mais recentemente incluindo GTA V), além de descontos para quem quiser comprar o game antes de ser removido do programa.
O Game Pass também acaba servindo de vitrine para seus principais títulos, disponibilizando seus grandes exclusivos para os assinantes do programa. E considerando as grandes aquisições de estúdios da companhia nos últimos anos, que incluem a Playground Games (Forza Horizon), Ninja Theory (Hellblade: Senua’s Sacrifice) e Obsidian Entertainment (The Outer Worlds), esta vitrine só deve ficar mais chamativa daqui para frente.
A Microsoft também parece querer “descentralizar” a associação do público do Xbox como apenas um console: de alguns anos para cá, a empresa voltou a valorizar o mercado do PC. O Game Pass tem sua própria versão para computadores, e exclusivos como Gears 5 e Halo: Reach (parte da Master Chief Collection) estão em seu catálogo.
Mais do que isso, em alguns casos, Xbox fez algumas alianças pontuais com possíveis rivais para expandir sua marca, como ao vender seus games no Steam e até portar títulos como Ori and the Blind Forest e Cuphead para o Nintendo Switch.
Não foi um caminho perfeito — o cancelamento de Scalebound ainda dói no coração de muita gente —, mas a Microsoft tem preparado um terreno significativo para o futuro.
E, em 2020, há a chance de dar um grande bote na competição.
A empresa já parece preparada para impressionar o público neste ano, surpreendendo ao anunciar seu novo console, o Xbox Series X, durante o The Game Awards 2019, e ainda trazendo um trailer de Hellblade 2 para completar o pacote.
A potência do novo console ainda é oficialmente desconhecida, mas o trailer acima nos dá uma ideia do que pode ser feito com um motor gráfico compatível com a plataforma, e são francamente impressionantes. A Microsoft também já indicou que ele terá retrocompatibilidade com gerações passadas desde o lançamento, e ao que tudo indica até rodar mais de um game ao mesmo tempo.
O Xbox Series X chega no fim de 2020, e terá como seu principal produto Halo Infinite, que tem a missão de revitalizar a franquia depois da recepção tépida de Halo 4 e Halo 5. O game, porém, também estará disponível para o Xbox One e para PC, reforçando que o nome “Xbox” não está limitado a uma máquina.
Além disso, uma franquia clássica, Flight Simulator, também retornará em grande estilo para as três plataformas.
E há, é claro, o xCloud, projeto de cloud gaming que por enquanto é vendido como mais uma parte do ecossistema de Xbox, mas que pode ganhar mais evidência nos futuro.
É de se esperar que a Microsoft esteja escondendo algumas cartas na sua manga, que devem ser reveladas (espera-se) durante a E3 2020, mas a este ponto, considerando todo o trabalho da da divisão de games, é bem possível imaginar que Xbox termine o ano de forma promissora.
